Na noite do dia 16 a Polícia Militar do Estado de São Paulo se preparou para invadir o Pinheirinho e executar o mandato de reintegração de posse expedido pela justiça de São José. Os moradores reivindicando seus direitos à moradia e de luta por uma vida digna se prepararam para a invasão. Munidos de escudos e porretes improvisados, juntos aos seus animais de estimação se posicionaram na entrada da ocupação para resistir com a própria vida à ação truculenta e organizada da Polícia Militar.
A madrugada foi de vigília e espera. Mídias alternativas noticiavam em tempo real o que acontecia no eminente confronto. Uma onda de solidariedade varreu as redes e os movimentos sociais mobilizados. Acompanhamos aflitos e de longe a luta dos trabalhadores da ocupação.
Por volta de 1h00 da madrugada homens (segundo relatos dos passageiros) com cortes de cabelo e aparência robusta de militares invadiram um ônibus e um carro do lado de fora do acampamento. Atearam fogo em ambos. Dada que a recomendação da organização da ocupação era para que ninguém saísse do local e associada ao histórico da tradicional prática da Polícia Militar de criminalizar os movimentos sociais para “justificar” futuras truculências os moradores e jornalistas que noticiaram o ocorrido responsabilizam a Polícia pela queima do ônibus e do veículo do lado de fora da ocupação, o que de fato parece ter acontecido.
O ambiente que já era tenso piorou. Um derramamento de sangue de crianças, pais e mães que almejam moradias dignas para construírem suas vidas estava na eminência de acontecer. Nossa aflição só acabou entre as 4h e 5h da manhã quando a Justiça Federal caçou a liminar que previa a desocupação de Pinheirinho. A comunidade explodiu em festas, fogos, e muitas lágrimas de emoção.
O evento trás inúmeras reflexões para a luta dos trabalhadores e para as organizações da esquerda. Nossa conjuntura no Estado de São Paulo é crítica, o Governo do PSDB não titubeia em usar da força policial para reprimir qualquer organização que fuja da lógica higienista da qual compartilha o Governador Geraldo Alckmin e seus respectivos prefeitos, no caso o correligionário Eduardo Cury. A corporação da Polícia Militar tem seu histórico recente vinculado às invasões e violências arbitrárias contra os trabalhadores, estudantes e cidadãos em geral do Estado de São Paulo. Assim foi nos eventos ocorridos na USP em 2011, na Cracolância há pouco mais de uma semana e nas reintegrações de posses de imóveis ocupados no centro da cidade.
Diante deste cenário cada dia mais totalitário a juventude tem de se organizar e nós da JPT temos um papel crucial nessas movimentações. É fundamental que nos articulemos e que façamos destes ocorrido espaços para fragilização das gestões tucanas, do DEM, e de seus semelhantes. A conquista no dia de hoje de Pinheirinho é sintomática do quão vitoriosa pode ser a articulação das redes sociais, com as resistências presenciais associadas ao trabalho árduo dos Parlamentares e até do Governo Federal. O deputado petista Paulo Teixeira ao lado Ministro José Eduardo Cardoso, a secretária de habitação Inês Magalhães, o deputado Adriano Diogo e outros parlamentares e membros do PT se empenharam na noite de ontem para que a Justiça Federal impedisse a reintegração de posse pela Polícia Militar. Foram cruciais para esta vitória.
O Partido dos Trabalhadores assim como a nossa Juventude jamais se calará diante do sofrimento do povo oprimido, seja em Pinheirinho ou no Centro de São Paulo. Em todas as instâncias, e de todos os nossos filiados a dedicação é plena, a responsabilidade é constante e motivo de orgulho. Aos membros da JPT da região que se dirigiram ao local, e principalmente aos moradores de Pinheirinho, nossa força incondicional na luta dos trabalhadores. A JPT está presente nesta empreitada em São José dos Campos e seguiremos acompanhando.
Vitor Quarenta – militante da JPT-SP e da ParaTodos-SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário