“Fora Rodas!”: a luta por uma USP mais democrática
Já na metade de sua gestão à frente da Reitoria da USP, Rodas conseguiu gerar em torno de si uma série de consensos. Se, por um lado, cada vez mais João Grandino se torna cada vez mais o nome de consenso entre os setores conservadores da Universidade, por sua “mão de ferro” no trato com a comunidade acadêmica; por outro, se torna consenso seu autoritarismo e sua intransigência no trato das questões politicas da universidade. Dessa forma, Rodas acelera a crise política da Universidade de São Paulo e acentua cada vez mais o caráter antidemocrático de sua estrutura de poder.
Exemplo notável da falta de democracia, que esta no centro da crise uspiana, foi o modo de tratar as negociações de desocupação do prédio da Reitoria: em momento algum, qualquer diálogo avançou para além de vagas promessas, dentre as quais sequer constavam garantias da não expulsão dos estudantes envolvidos ou de transparência nas ações do reitor. No modo de Rodas compreender sua relação com os movimentos na USP, o melhor emissário para suas posições é a Tropa de Choque. Enquanto isso, através de seu panfleto, o USP Destaques, João Grandino tem levado a diante um monólogo interminável em que busca a todo momento ressignificar suas decisões e atitudes, disfarçando-as falaciosamente de “modernização”. O moderno, no vocabulário de João Grandino, não compreende o público e o democrático.
Nesse sentido, cada vez mais a luta pelo Fora Rodas! se conforma enquanto uma luta pela democracia e pelo caráter público da Universidade. A USP de Rodas é a expressão mais bem acabada do projeto das alas conservadoras para a Universidade, na melhor reedição da ideologia da “segurança nacional”: centralizando as decisões em pouquíssimos e tratando os descontentes na base da força.
A luta pela Estratuinte se apresenta como consolidação dessa compreensão. Uma USP mais democrática não interessa a Rodas e a seus defensores. É necessário que o movimento compreenda que Rodas não está disposto ao diálogo, e que a conquista de uma reformulação do Estratuto da USP não será fruto de negociações, mas como resultado da pressão e organização do movimento.
FORA PM! Por uma segurança não militarizada!
O fortalecimento dos setores conservadores, fruto de sua unidade em torno do nome de Rodas, fica evidente no processo de ocupação militar da USP. Se, em algum momento, houve dúvida quanto à intenção por detrás de tal movimento, esta se dissipou quando do processo truculento e desproporcional de desocupação da Reitoria: a PM não está no campus para garantir a segurança dos estudantes, funcionários e professores. Sua função na USP é política, e seu alinhamento com o projeto de Rodas é flagrante.
A problemática que envolve a presença da PM na USP esta ligada à própria existencia e atuação da PM na sociedade. A criminalização dos movimentos sociais e de sua luta política é uma das heranças da Ditadura Civil-Militar ocorrida em nosso páis.Nesta breve experiencia democrática em que vivemos, a Polícia Militar se constituí como uma das principais heranças desse período de autoritarismo e injustiça ao conservar metodos de tortura e o total desprezo pelos direitos humanos.
É importante compreendermos que a relação, tão propagandeada por Rodas, entre o policiamente militarizado e a segurança é falsa. Que a procupação de Rodas com a “segurança” é oportunismo político – caso o contrário, as tão evidentes necessidades de iluminação e urbanização do campus Butantã já teriam sido resolvidas. A ocupação militar do campus resultou não em maior segurança da comunidade acadêmica, mas em agressão e repressão dos estudantes, para além de o trato com os frequentradores da Cidade Universitária se dar hoje em um tom ostensivo.
Compreender os problemas da lógica ostensiva e militar de policiamento acumula, também, para que o movimento possa melhor entender a disputa da opinião pública. Enquanto não soubermos ganhar a sociedade para nossa luta e nossas bandeiras, o cenário de autoritarismo agravado na USP não nos possibilitará qualquer conquista real. A luta desenhada na USP é, no fundo, contra a própria lógica militar e antidemocrática na sociedade, e só tendo clareza disso poderemos aproveitar o potencial de nosso movimento de vencer na Universidade de São Paulo e na própria sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário