Sintoma do sectarismo recorrente no movimento estudantil
No último Conselho de Centros Acadêmicos, ocorrido no sábado dia 26 de novembro, importantes decisões foram tomadas. O CCA referendou a decisão da Assembléia Geral dos Estudantes, realizada no último dia 17 na FAU, de adiamento das eleições para o DCE-Livre da USP e deliberou que seria formada uma Comissão Gestora, que ocuparia o lugar do DCE após o fim do mandato e teria como tarefas ajudar o Comando de Greve na realização da Calourada Unificada e promover as eleições para 2012. A decisão provavelmente mais polêmica, no entando, foi a rejeição das propostas de inclusão do C.A. Visconde de Cairu, da FEA, e do Grêmio da Poli nesta Comissão Gestora.
Consideramos tal decisão equivocada. As eleições do DCE foram proteladas para que a disputa eleitoral não prejudicasse a unidade que vem sendo forjada no movimento estudantil uspiano, e a exclusão (em nossa opinião injustificada) de duas entidades do porte do CAVC e do GPOLI em nada contribui para essa unidade. Devemos buscar envolver cada vez mais estudantes e entidades de base na construção de um movimento estudantil democrático e de massas, sem excluir ninguém, sem impedir a participação de ninguém. Acreditamos que tanto o CAVC quando o GPOLI deveriam integrar a comissão gestora. Ambas as entidades representam parcelas importantes do movimento estudantil da USP, com quem o resto do movimento deveria, inclusive, buscar dialogar mais.
A decisão reflete o sectarismo de certos grupos do movimento estudantil uspiano. Foi mais uma demonstração de incapacidade de dialogar por parte de tais setores. O polêmico processo de adiamento das eleições do DCE levantou entre os estudantes uma série de suspeitas e questionamentos. A decisão do último CCA só as faz reverberar mais alto, num cenário onde um simples gesto (aceitar o CAVC e o GPOLI na Gestão Interina) poderia ter tranquilizado grande parte dos que levantam teses alarmistas sobre o significado político de tal adiamento.
Colocamos tal crítica a despeito das divergências políticas que tenhamos com posições tomadas pelas diretorias dos referidos Centros Acadêmicos. É exatamente nesse sentido que nos manifestamos: o movimento estudantil deve saber que o processo de construção de maiorias passa, inevitavelmente, pelo diálogo e construção conjunta com setores com os quais não se concorda. Fazer diferente é isolar o movimento, minando sua própria capacidade de vitória e de transformação da realidade.
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