quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ato de repúdio ao Reitor da USP na Faculdade de Direito

Ato de repúdio ao Reitor da USP na Faculdade de Direito

           
Recentemente, a reitoria da USP tem travado um constante combate contra a comunidade franciscana. Começando por ataques ao projeto do Clube das Arcadas, passou a atacar diretamente a atual diretoria da Faculdade de Direito, com acusações diversas. Numa tentativa de reescrever a história vivida pelas Arcadas na gestão Rodas na diretoria da unidade, argumenta que o atraso na reforma das Bibliotecas seria decorrente da inatividade da atual diretoria, acusando-a de não executar o orçamento destinado à unidade.

É de conhecimento geral na Faculdade de Direito, por professores, funcionários e estudantes, a condução do projeto de “modernização” do então diretor João Grandino Rodas. Nossas bibliotecas encaixotadas e contratos ilegais e secretos de venda do espaço público marcaram o fim de sua gestão; além da imposição de uma grade caótica em 2007, que mostra seus reflexos, hoje, sobre nosso ensino.

Rodas se utiliza da mídia e da estrutura da reitoria para atacar a unidade de onde saiu, colocando até funcionários para panfletar sua publicação. Confunde a comunidade acadêmica, envolvendo as entidades estudantis, em sua briga com a Secretaria de Cultura, quanto ao custeio do MAC no Ibirapuera. Furta-se ao diálogo impondo seus projetos unilateralmente. Além do desrespeito à Faculdade de Direito, sua gestão à frente da reitoria já se mostra esgotada, marcada pela tentativa de corte de vagas e fechamento de cursos, desconstrução da política de bolsas de permanência, demissão ilegal de funcionários, políticas autoritárias de segurança e alterações do espaço físico da Cidade Universitária sem discussão com a comunidade uspiana e na contramão das políticas ambientais com a redução das áreas verdes.

Diante da política em curso na reitoria, convocamos todas e todos para um ato de repúdio à atual gestão. Não podemos nos calar diante do projeto vigente na USP. O autoritarismo de Rodas deve ser combatido e isso só será possível com a mobilização dos estudantes, funcionários e professores da nossa Universidade.

Não deixe, por isso, de participar do Ato em Repúdio ao Reitor, organizado pela Representação Discente e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, que acontecerá quinta-feira, 29 de setembro, às 19 horas, no Largo São Francisco, com a presença do Deputado Federal Simão Pedro, o diretor da Faculdade Professor Antonio Magalhães Gomes Filho, os professores Sérgio Salomão Shecaira e Heleno Taveira Torres, o diretor do SINTUSP Alexandre Pariol e os representantes da ADUSP e do DCE.




terça-feira, 20 de setembro de 2011

Opinião: A Comissão da Verdade e a Luta Social – Por Gabriel Landi | UNE - União Nacional dos Estudantes

Opinião: A Comissão da Verdade e a Luta Social – Por Gabriel Landi UNE - União Nacional dos Estudantes

No momento em que o Governo Federal amarra as últimas pontas soltas para a votação da Comissão da Verdade, cabe uma reflexão importante sobre o assunto. Mais que debater a tática pela qual se busca obter a aprovação do projeto, cabe um balanço do ritmo em que tem transcorrido a luta pela Justiça de Transição no Brasil. Mais que repetir as discussões sobre as práticas autoritárias que sobrevivem no seio das Forças Armadas ou sobre os ainda desaparecidos políticos, é importante que se perceba o quanto se tem avançado nesse desafio, seja em termos de políticas públicas ou mesmo na disputa de consciência da sociedade. E, acima de tudo, o quanto a ascensão de uma ex-presa política à Presidência da República e de outro ex-preso político à assessoria do Ministério da Defesa abre caminho às iniciativas nesse sentido.
Implementada em diversos países do Cone-Sul e do mundo, a Comissão da Verdade tem a atribuição de esclarecer os ocorridos durante o regime civil-militar que se apoderou do Estado brasileiro em 64, interrompendo o processo de organização e luta dos trabalhadores de nosso país. A Comissão será uma oportunidade para, por meio da pesquisa do período, entender melhor todo o instrumental político e organizacional da repressão, tanto dentro do Estado quanto em suas ramificações privadas e paramilitares. Será a oportunidade para ter um balanço sincero sobre quantos brasileiros comprometidos com o autoritarismo ascenderam e permanecem em posições públicas de poder, como no Judiciário ou nas estruturas do servidorismo público. Esse balanço é fundamental para que possamos melhor entender e combater as forças políticas golpistas, ainda altamente organizadas e presentes na vida pública brasileira.
O compromisso da União Nacional dos Estudantes com a Verdade, a Memória e, acima de tudo, com a superação de todas as reminiscências da Ditadura Civil-Militar foi forjado desde antes do Golpe de 64. A Campanha da Legalidade, resistência ao regime e luta pelas Diretas são exemplos de como a História da UNE se funde à História da luta pela democracia e contra o golpismo das elites brasileiras.
Restam em aberto uma série de desafios envolvendo tanto a própria Comissão da Verdade quanto a Justiça de Transição no Brasil, e é papel dos movimentos sociais e populares se debruçar sobre tais temas, com todo o debate que tenham acumulado nas mais de duas décadas pós redemocratização. Há de se pontuar, no entanto, que certos discursos enfraquecem tal luta, ainda que vindo de setores que historicamente a tem fortalecido. O projeto do governo para a Comissão da Verdade pode desapontar a muitos que esperavam da Comissão o gesto definitivo contra os setores golpistas da sociedade. Ainda sim, a Comissão é um avanço inegável, tanto em termos do seu significado político, conquanto aponte para o fato de que a transição brasileira é inconclusa, quanto nas potencialidades de seu produto final. E, nesse sentido, é importante a clareza de que não nos basta o desafio de aprovar uma Comissão da Verdade no Congresso Nacional. Ainda há um desafio muito maior que se segue: o de acompanhar sua implementação, dando-lhe auxílio e criticando sua atuação quando assim se fizer necessário.
A luta contra o golpismo e contra os setores autoritários das Forças Armadas é uma luta longa é árdua, mas que, na América Latina, significa uma luta necessariamente colada às demandas populares e à defesa da própria luta social e sua organização. Não apenas para que não se esqueça e não mais aconteça, e sim para que possamos seguir avançando.

Gabriel Landi Fazzio é Diretor de Memória do Movimento Estudantil da UNE e Diretor do Centro Acadêmico XI de Agosto – Gestão Fórum da Esquerda